A Bacia do Rio Tapajós

A Bacia do Tapajós é uma das cinco maiores sub-bacias do sistema amazônico, ocupando uma área de aproximadamente 500 mil quilômetros quadrados, o que representa cerca de 8% de toda a Bacia Amazônica. Formada pelos rios Juruena, Teles Pires e Tapajós, ela nasce no Mato Grosso e deságua no rio Amazonas, em Santarém, no Pará, conectando dois biomas fundamentais do Brasil: o Cerrado e a Floresta Amazônica. Essa ligação cria uma das regiões mais ricas em paisagens, recursos hídricos e biodiversidade de todo o país.

Ao longo de seu percurso, o rio Tapajós revela cenários de rara beleza natural. De suas nascentes montanhosas e corredeiras até as planícies amplas e praias de areia branca, o rio compõe um mosaico de ecossistemas únicos. Pesquisas indicam que na bacia existem quase mil espécies de peixes, das quais cerca de 6,7% são endêmicas, além de centenas de aves, mamíferos e répteis. Essa abundância faz do Tapajós um dos últimos grandes rios de água livre da Amazônia e um pilar essencial para o equilíbrio ecológico da região.

A riqueza da Bacia do Tapajós não se limita à natureza. Suas margens abrigam uma grande diversidade de povos indígenas e comunidades tradicionais, como pescadores, ribeirinhos, quilombolas, varzeiros, seringueiros e agricultores familiares. Esses grupos compartilham uma relação ancestral com o rio, expressa em saberes, rituais, formas de manejo e modos de vida que se entrelaçam com os ciclos das águas e da floresta. A convivência harmônica com o ambiente é um exemplo de sustentabilidade e resistência cultural profundamente enraizada no território.

Entretanto, a Bacia do Tapajós enfrenta pressões cada vez maiores. O avanço do desmatamento, do garimpo ilegal e de grandes empreendimentos ameaça o equilíbrio ecológico e social da região. Esses impactos transformam o modo de vida das comunidades e colocam em risco a própria sobrevivência do rio. Proteger a Bacia do Tapajós é garantir o direito das águas de continuarem livres e vivas, assegurando também o futuro de quem depende delas. A defesa do Tapajós é, portanto, uma defesa da vida, da memória e da continuidade dos povos e da floresta amazônica.